Trabalhadores da Biscoitos Naga cruzam os braços (Umuarama)
Cerca de 250 trabalhadores estão acampados em frente à empresa Biscoitos Naga, em Umuarama. Eles estão com salários atrasados e também não receberam as férias. De acordo com o Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias da Alimentação, há sete meses que a fábrica passa por um período que vem preocupando funcionários, com atraso no pagamento dos salários e acompanhamento do Ministério Público do Trabalho (MPT).
Trabalhadores temem também a possibilidade dos patrões fecharem as portas do negócio sem acertar as verbas trabalhistas a que têm direito. De acordo com o presidente do Sindicato, Adenilson do Amaral, há vários meses os empregados da Naga não recebem o pagamento em dia. “Estão atrasados os salários, férias coletivas e o terço constitucional e até o FGTS não está sendo depositado, dentre outros direitos. A preocupação é real”, afirmou.
Amaral contou que o Sindicato buscou de todas as formas resolver o problema, inicialmente dialogando com a empresa e depois, por intermédio do MPT, mas tudo sem sucesso. “Depois da interferência do procurador, a empresa assinou um Termo de Ajuste de Conduta, comprometendo-se a regularizar a situação, mas não cumpriu o prometido. Assim o MPT passou a ajuizar ações contra a Naga nas Varas do Trabalho em Umuarama, todas em andamento”, explicou.
Como o problema persistiu, Amaral informou que os trabalhadores da indústria de biscoito resolveram então promover uma assembleia, que foi realizada no dia 16 na sede do Sindicato da categoria. Um indicativo de greve lançado, marcado para ontem. “Comunicamos que caso a empresa não pagasse o 13ª de 2009, salários de dezembro, férias coletivas com um terço, além de resolver a situação do FGTS com a Caixa Econômica – há meses que o fundo não é depositado –, que iríamos parar. A empresa não pagou, então nós paramos e por tempo indeterminado”, disse o sindicalista.
Sem condições
Cada funcionário tem uma história para contar. Mas todas elas são parecidas: dos problemas que vêm enfrentando com imobiliárias por não pagarem aluguel, dos juros nas prestações de motos e carros, juros do cartão, da água e luz. “Eu fico triste porque a gente trabalha com dedicação, eu gostava de trabalhar, apesar de tudo, então o que a gente espera é pelo menos receber em dia, não precisa de grandes coisas, basta esse respeito básico”, lamentou Priscila Soares Gomes, funcionária da empresa há um ano.
Outros lados
A atendente do Ministério Público do Trabalho informou que o procurador Ronildo Bergamo do Santos está em férias e que ninguém poderia prestar informações em nome dele. A reportagem também tentou entrar em contato por telefone (fixo e celular) com Agnaldo Ribeiro, diretor da Biscoitos Naga, mas não obteve resposta. Edson Lara, que se definiu como seu assessor, informou que entraria em contado com o empresário e que retornaria a ligação para falar sobre o caso, mas até o fechamento da edição ninguém entrou em contato.